O Palácio do Planalto foi palco, nesta quarta-feira (8), da cerimônia de reintegração de 21 obras de arte restauradas após os ataques antidemocráticos de 2023. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da primeira-dama Janja Lula da Silva e de representantes de instituições nacionais e internacionais, celebrando a força da cultura e da democracia brasileiras.
Na abertura, Janja enfatizou o significado simbólico da recuperação das obras. “Dois anos após a tentativa de destruição da nossa democracia e dos prédios que simbolizam os poderes da República, estamos aqui não para lamentar, muito menos para esquecer. Estamos aqui para celebrar e reforçar a democracia e para entregar ao povo brasileiro seu patrimônio inteiramente restaurado”, destacou.
“O restauro das obras de arte do palácio é parte desse esforço comum com a nossa democracia. Não conseguiram impedir a liberdade e nem destruir a beleza. Contra a violência e o cinza do autoritarismo, fazemos brotar o colorido da nossa cultura e a alegria do nosso povo”, complementou a primeira-dama, agradecendo à Embaixada da Suíça, ao Ministério da Cultura, ao Iphan e à Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pelo trabalho coletivo.
Esforços colaborativos e restauração
Entre as peças restauradas, destaca-se o relógio do século XVII, consertado na Suíça sem custos para o governo brasileiro. Piedro Lazeri, ministro-conselheiro da Embaixada da Confederação Suíça no Brasil, comentou: “A restauração do relógio foi complexa, precisou da excelência, da viabilidade e também da criatividade, e funcionou. Além disso, um fato importante: foram formados técnicos brasileiros para cuidar e fazer a manutenção desta joia.”
A recuperação das obras foi viabilizada por uma parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais. O projeto recebeu um investimento de R$ 2 milhões, que também permitiu a instalação de um laboratório no Palácio da Alvorada.
Em seu discurso, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou o trabalho conjunto entre instituições e profissionais para devolver à sociedade o patrimônio cultural. “Neste dia tão simbólico, devolvemos à sociedade sete obras que foram vandalizadas durante o ataque de 8 de janeiro. Essas obras, juntamente com outras treze que também estão sendo reenviadas à comunidade, são o fruto de um projeto conjunto com a Universidade Federal de Pelotas, desenvolvido a partir de um Termo de Execução Descentralizada (TED) celebrado com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no início de 2024”, disse.
Além das restaurações, o projeto incluiu oficinas de educação patrimonial em escolas públicas do Distrito Federal, impactando mais de 500 alunos. “A realização dessas oficinas é, sem dúvida, uma das grandes entregas deste projeto. Elas não apenas transmitem a ligação entre cultura, memória e arte, mas também reforçam o verdadeiro significado da democracia para os jovens”, completou Margareth.
A ministra também ressaltou o valor da cultura brasileira ao longo do evento. “A Cultura e a arte brasileira são um tesouro inquestionável e inquebrantável e é por isso que o fascismo e as ditaduras buscam destruir a cultura.”
Preservação e valorização cultural
Leandro Grass, presidente do Iphan, sublinhou a importância de respeitar o patrimônio cultural brasileiro: “Nós não estamos aqui para agredir quem nos agrediu, mas para fazer um gesto de respeito e afeto por aquilo que nos representa e contribui para nos fazer sentir um só povo: o nosso Patrimônio Cultural.” Grass também destacou os mais de R$ 370 milhões investidos pelo Governo Federal em Patrimônio Material e Imaterial nos últimos dois anos.
A reitora da UFPel, Isabela Fernandes Andrade, celebrou a devolução das obras restauradas e parabenizou os profissionais e estudantes envolvidos no processo. Segundo ela, o curso de Restauração e Conservação de Bens Culturais e Móveis da universidade prontamente se colocou à disposição para recuperar os bens danificados nos ataques, aplicando técnicas especializadas para reconstituir as peças.
Cerimônia e abraço à democracia
O evento foi encerrado com o descerramento do quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, alvo de facadas durante os ataques de 2023. Em seguida, Lula, Janja e outras autoridades desceram a rampa do Palácio do Planalto para participar do movimento “Abraço à Democracia”, realizado na Praça dos Três Poderes.
O ato simbolizou a força da união nacional e reforçou o compromisso com a preservação da memória e da cultura como pilares essenciais da democracia brasileira.
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