A cor do desemprego
O desemprego tem cor. Ela está no isopor do geladinho, no algodão doce vendido nos parques e praias, nos sombreiros dos vendedores de picolés, na cesta de pastéis e acarajé, no fogareiro improvisado para assar o queijo coalho, no saco cheio dos catadores de latinhas, etcétera e tal. Enquanto desempregados tentam sobreviver vendendo algum produto ou fazendo bicos, este governo temerário se preocupa apenas em lotear o patrimônio público com os apaniguados. Ora troca cargos e emendas parlamentares pelo amém do desmoralizado Congresso, ora atende os interesses escusos da burguesia e dos banqueiros. A esperança é que os milhões de desempregados fiquem roxos de raiva e punam nas urnas os maus políticos, que se elegem pensando unicamente em meter a mão grande no dinheiro público. Só assim, o Brasil retomará as vivas cores do progresso, da paz e do pleno emprego.
Festa de apoio
A exemplo do que já fizeram outros partidos governistas, o Solidariedade realiza, hoje à tarde, festa para anunciar apoio à pré-candidatura do vice Belivaldo Chagas (MDB) ao governo de Sergipe. Dirigido pelo deputado federal Laércio Oliveira, o Solidariedade tem 40 diretórios no estado e cerca de 4 mil filiados.
Pinga-pinga
O governo de Sergipe só conclui o pagamento da folha de pessoal referente a dezembro na próxima sexta-feira. Os pensionistas e aposentados que recebem até R$ 2,5 mil verão a cor do dinheiro no sábado, enquanto os demais só receberão os vencimentos do mês passado quando Deus der bom tempo. Ué, e cadê os milhões que o governo pegou do Fundo de Pensão do Funcionalismo? Marminino!
É vero!
Veja o que publica o jornalista Gilvan Manoel na edição de hoje do Jornal do Dia: “Com todos os seus membros exonerados – eles possuíam cargos comissionados – a Comissão Estadual da Verdade corre o risco de não concluir o seu relatório final. Pelo decreto do governador Jackson Barreto (MDB) instituindo a Comissão, os trabalhos devem ser concluídos em junho deste ano”.
Exige respeito
O PT sergipano quer participar da chapa majoritária e ser tratado com respeito pelos aliados. A exigência é do vice-presidente nacional do partido, Márcio Macedo. Ele espera um tratamento à altura do tamanho do PT, “que tem tempo de televisão, quadros políticos e a maior militância de Sergipe”. Então, tá!
Era uma vez
Após vender as rádios Ilha de Estância, Tobias Barreto e Propriá, o dublê de político e empresário Edvan Amorim arrendou a rádio Ilha/FM de Aracaju. Após receberem aviso prévio, os cerca de 40 radialistas e demais empregados da emissora condenaram o desmonte da Rede Ilha. Edvan vendeu as três rádios e arrendou a de Aracaju ao empresário Nelson da Banda Cintura Fina, dono da Rede Xodó de Rádio.
Casa nova
O secretário estadual da Saúde, Almeida Lima (MDB), recepciona a imprensa amanhã, no novo Centro Administrativo daquela pasta. O objetivo é apresentar as novas instalações e mostrar a importância de centralizar a área administrativa da Secretaria, reduzindo as despesas com aluguel. Com funcionamento previsto para a próxima semana, o centro também vai desafogar o Hospital de Urgência de Sergipe, que ganhará novos 200 leitos. Melhor assim!
Ameaça de greve
Os auditores fiscais ameaçam cruzar os braços se o governo de Sergipe não pagar o salário deste mês até o próximo dia 31. Reunida em assembleia, a categoria condenou os constantes atrasos da folha de pessoal e acusou o Executivo de não incrementar a arrecadação de impostos. Crendeuspai!
Topa a parada
O deputado federal Valadares Filho (PSB) topa ser candidato ao governo de Sergipe. Segundo ele, seu projeto é tentar a reeleição, mas, em nome da unidade oposicionista, aceita disputar a cadeira ocupada hoje pelo governador Jackson Barreto (MDB). Vavazinho afirma que se for o desejo dos aliados e eleitores, está pronto “para recuperar Sergipe e resgatar a autoestima da população”. Aff, Maria!
Última morada
E o vereador Américo de Deus (Rede) cobra da Prefeitura de Aracaju a construção imediata de um novo cemitério. Segundo ele, o “São João Batista” já a atingiu a sua capacidade. As prefeituras deixaram de construir necrópoles por conta da novela “O Bem Amado”. No drama exibido pela Rede Globo, o folclórico prefeito Odorico Paraguaçu foi o primeiro defunto a ser enterrado no cemitério construído por ele. Pé de pato, mangalô três vezes!
Recorte de jornal
Publicado no jornal Folha de Sergipe, em 13 de julho de 1886.