top of page
Foto do escritorLuxo Aju

"Privatização resultará em prejuízos para toda a população de Sergipe"


O deputado Valadares Filho (PSB-SE) ocupou, ontem (22/02), a tribuna da Câmara para expor as razões pelas quais a Companhia de Saneamento de Sergipe, a DESO, não deve ser privatizada. Para o parlamentar do PSB de Sergipe, a privatização, caso ocorra, “será um grande equívoco que vai afetar toda a população de Sergipe”.


Valadares Filho destacou estar ocorrendo no Brasil mais uma onda de privatizações e, desta vez, são as Companhias de Água e Saneamento Básico as que estão sendo colocadas à venda. Alguns estados, incluindo o Rio de Janeiro, já aprovaram a privatização de suas empresas de saneamento. “Os argumentos para privatização são o agravamento da crise econômica e o endividamento dos estados”. Entretanto, o suposto aporte de recursos para os cofres públicos com a venda da DESO será apenas a curto prazo, pois o Estado certamente terá que arcar com o fornecimento de água para as famílias hoje beneficiadas com a tarifa social.


Valadares Filho ressaltou que se trata de uma experiência já testada e que não deu certo em outros países. De acordo com estudo citado pelo relator das Nações Unidas para água e saneamento, nos últimos 15 anos, houve ao menos 180 casos de reestatização do fornecimento de água e esgoto em 35 países. Isso quer dizer que cidades como Paris (França), Berlin (Alemanha), Buenos Aires (Argentina), Budapeste (Hungria), La Paz (Bolívia) e Maputo (Moçambique) primeiro privatizaram suas companhias de água e saneamento; e, depois de algum tempo, tiveram que voltar atrás e reestatizarem as empresas.


O mesmo estudo destaca que as razões para a reestatização são: a iniciativa privada não investir o suficiente para manter a qualidade dos serviços prestados; adotar um regime de exclusão das populações mais pobres; não atingir as metas de investimento em infraestrutura; praticar aumentos tarifários. Até o Banco Mundial que, no passado, foi um defensor das privatizações das empresas de saneamento, reconheceu que as privatizações não são indicadas para o setor.


A privatização da DESO, segundo Valadares Filho, coloca em risco o fornecimento de água para mais de 180 mil pessoas no Estado de Sergipe beneficiadas, atualmente, pela tarifa social, pois uma empresa privada cujo objetivo é gerar lucro não irá arcar com esse custo. Além do mais, a venda acarretará aumento da conta de água, pois, atualmente, a DESO goza de imunidade tributária em virtude do caráter social do serviço prestado; já uma empresa privada terá que pagar todos os impostos, o que representa cerca de 25% do valor da conta de água. Esse custo sem dúvida será repassado ao consumidor.


Outro ponto negativo da privatização da DESO é a redução dos investimentos em infraestrutura de saneamento, tão necessários para o Estado de Sergipe, que, mesmo com os avanços dos últimos anos, ainda não atingiu o patamar de 40% da população atendidos com cobertura de saneamento. E, ainda por cima, coloca em risco a estabilidade de1.800 funcionários que hoje trabalham na DESO.


Valadares Filho, finaliza o pronunciamento ressaltando que a privatização da DESO não resolverá o problema da dívida do Estado e, certamente, trará grandes prejuízos à população de Sergipe; e conclui com um apelo ao Governo do Estado de Sergipe, para que “desista de privatizar a DESO, enquanto é tempo.”


bottom of page